Passiflora citrina - User: BotBln |
A
tarde é um cachorro moroso,
madeira
descansada na austera vida
de
uma antiga cadeira enegrecida
no
fundo de um alpendre.
Coalho
de leveduras,
arrasta-se
paciente em músicas
de
sais-gemas, goiabeiras, mormaços,
telhas
coloniais, calcário.
Ao
largo, o canto de sílica na acrimônia das cigarras,
bravura
desesperada de luz e sigilos;
acaju,
pó, tempo.
(Forte, a natureza é o que há).
Em
súbitos,
azulões,
rolinhas caldo-de-feijão,
pica-paus,
anuns, sabiás, golinhas:
vidas
que sagram-se ao voo,
inevitáveis,
alertas.
Não
muito longe um homem dispõe de um esmeril
e
tange a reza definitiva nas bordas de objetos quase crus.
A
máquina chora sua monotonia acérrima,
como
a dizer da agonia oculta dos braços
que
lhe acionam o furor.
Em derredor, livres,
os
azuis aveludados de borboletas leves
compõem
líricas estelares
― sem o consentimento de
qualquer dinheiro.
* Leia também OS MOSAICOS DE W.J. SOLHA
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Webston Moura [editor de Kaya] é poeta, autor de Encontros imprecisos: insinuações
poéticas (Imprece, 2006).
Mantém o blog Arcanos Grávidos.