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sábado, 13 de junho de 2015

invocação de Augusto, el angél de las tinieblas [Nuno Gonçalves]


Eternidade – Ismael Nery




o sangue no punhal ainda respira
e o corpo perfurado ainda se move
segue o galo tecendo manhãs ensolaradas
no alpendre o velho relógio marca nove

perante a folha em branco a alma turva
e a mente então logo viaja
entre as ruínas dos chãos revisitados
onde a inocência às moscas azucrinam
com a insolência dos anjos de morfina

não há escuridão nesta pantera
que resista a seu dorso iluminado
atenta à noite, a fera ao dia espreita
o amor no horror se desfazer em brasas



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# LEIA TAMBÉM:
* Sertão de Cimento [Nuno Gonçalves]
* A PRAÇA DOS LEÕES DOS MEUS SONHOS [Nuno Gonçalves]





Nuno Gonçalves é historiador, poeta, autor de Cartas de Navegação (Libres Escribas, 2009).  Seu blog: http://americalatindo.blogspot.com.br/.

Sertão de Cimento [Nuno Gonçalves]


L'impossible – Willy Vallez


cada edifício é um cacto
onde arrebanho águas
pra rearmar a cabeça 
com esses estilhaços esparsos
de solidão não-tolerada
nesta modernidade-fracasso
utopia se leva no laço
como vaqueiro que ferra gado
pensando em mulher devassa
corpo onde se aninham os pássaros
pra decifrar outro átomo
com esses instrumentos antiquados
dos alquimistas herdados
nesse progresso perverso
utopia se leva na pele
numa tatuagem nordeste
que insiste em totalizar o vácuo



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* A PRAÇA DOS LEÕES DOS MEUS SONHOS [Nuno Gonçalves]





Nuno Gonçalves é historiador, poeta, autor de Cartas de Navegação (Libres Escribas, 2009).  Seu blog: http://americalatindo.blogspot.com.br/.

A PRAÇA DOS LEÕES DOS MEUS SONHOS [Nuno Gonçalves]


Confidential or Red Velvet Room - Rallé




sem corredores de hospital nem poetas com parkinson
         &
               lindas adolescentes se despindo no gramado

uma fogueira acesa para os bebedores de esperma
         &
              milhares de estrelas explodindo no vácuo

cinzas miraculosas de amores póstumos
          &
            gotas de ácido alimentando o musgo das ruínas

os ônibus e as bicicletas passando em direção aos bairros
           &
             dionísio vociferando contra baco

mario gomes montado no bode ressuscitado
            &
              mardonio frança com suas vestes endiabradas

uma brisa que sopra da formosa praia
         trazendo o perfume do haxixe que vem da áfrica
                & o som das armas disparadas contra a muralha

os cabelos enormes do tempo
                  desalinhados & insanos
                          traduzindo a agonia dos grandes feiticeiros das palavras
& abolindo o insuportável aroma da enfermaria




Nuno Gonçalves é historiador, poeta, autor de Cartas de Navegação (Libres Escribas, 2009).  Seu blog: http://americalatindo.blogspot.com.br/.

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