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sábado, 20 de junho de 2015

[Encosto o ouvido às algas] (Lília Tavares)


Calvi/Córsega - Ziegler175


Encosto o ouvido às algas
e escuto os teus passos
na areia de contornos
verdes dos rumores das ondas.
Acelero a minha vida em espera,
abrando de dor o meu desejo.
para ti me envolvo, me perco,
para mim caminhas seguro,
quente, esperado.
Podem evadir-se as gaivotas.
Não vai estender-se aqui a manhã.


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Lília Tavares (1961)  é psicóloga clínica, há 24 anos a trabalhar na reabilitação de jovens e adultos. Casada e mãe de dois filhos, frestas de luz que a vida lhe deu. Unida à Poesia desde os treze anos, publicou em 1979 Fusão Crepuscular e outros Poemas em edição de autor. Participou, a convite, numa antologia de poetas do Baixo Alentejo, dois anos mais tarde. Natural de Sines, traz consigo o aroma das marés vivas de Setembro. De extremos, ama o aroma das terras, o sol, as alfazemas em Junho. Criadora e co-autora da Página "Quem lê Sophia de Mello Breyner Andresen", Lília é co-autora da Página "Poesia com Artes" e, neste âmbito, realiza  Encontros de Poesia e Artes em Oeiras. Tem criado eventos, prefaciado,  participado e/ou apresentado diversos livros de poesia de outros autores. Participou com outros onze autores em Rio de Doze Águas(Coisas de Ler, 2012), antologia prefaciada por Joaquim Pessoa. Publicou Parto com os Ventos (Kreamus, 2013), prefaciado por Carlos Eduardo Leal, RJ, e ilustrado com esculturas de arame de Simone Grecco, SP. Ama as pequenas coisas. Prende o olhar numa lágrima, num amigo, numa estrela.

sábado, 13 de junho de 2015

invocação de Augusto, el angél de las tinieblas [Nuno Gonçalves]


Eternidade – Ismael Nery




o sangue no punhal ainda respira
e o corpo perfurado ainda se move
segue o galo tecendo manhãs ensolaradas
no alpendre o velho relógio marca nove

perante a folha em branco a alma turva
e a mente então logo viaja
entre as ruínas dos chãos revisitados
onde a inocência às moscas azucrinam
com a insolência dos anjos de morfina

não há escuridão nesta pantera
que resista a seu dorso iluminado
atenta à noite, a fera ao dia espreita
o amor no horror se desfazer em brasas



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* Sertão de Cimento [Nuno Gonçalves]
* A PRAÇA DOS LEÕES DOS MEUS SONHOS [Nuno Gonçalves]





Nuno Gonçalves é historiador, poeta, autor de Cartas de Navegação (Libres Escribas, 2009).  Seu blog: http://americalatindo.blogspot.com.br/.

Sertão de Cimento [Nuno Gonçalves]


L'impossible – Willy Vallez


cada edifício é um cacto
onde arrebanho águas
pra rearmar a cabeça 
com esses estilhaços esparsos
de solidão não-tolerada
nesta modernidade-fracasso
utopia se leva no laço
como vaqueiro que ferra gado
pensando em mulher devassa
corpo onde se aninham os pássaros
pra decifrar outro átomo
com esses instrumentos antiquados
dos alquimistas herdados
nesse progresso perverso
utopia se leva na pele
numa tatuagem nordeste
que insiste em totalizar o vácuo



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* A PRAÇA DOS LEÕES DOS MEUS SONHOS [Nuno Gonçalves]





Nuno Gonçalves é historiador, poeta, autor de Cartas de Navegação (Libres Escribas, 2009).  Seu blog: http://americalatindo.blogspot.com.br/.

A PRAÇA DOS LEÕES DOS MEUS SONHOS [Nuno Gonçalves]


Confidential or Red Velvet Room - Rallé




sem corredores de hospital nem poetas com parkinson
         &
               lindas adolescentes se despindo no gramado

uma fogueira acesa para os bebedores de esperma
         &
              milhares de estrelas explodindo no vácuo

cinzas miraculosas de amores póstumos
          &
            gotas de ácido alimentando o musgo das ruínas

os ônibus e as bicicletas passando em direção aos bairros
           &
             dionísio vociferando contra baco

mario gomes montado no bode ressuscitado
            &
              mardonio frança com suas vestes endiabradas

uma brisa que sopra da formosa praia
         trazendo o perfume do haxixe que vem da áfrica
                & o som das armas disparadas contra a muralha

os cabelos enormes do tempo
                  desalinhados & insanos
                          traduzindo a agonia dos grandes feiticeiros das palavras
& abolindo o insuportável aroma da enfermaria




Nuno Gonçalves é historiador, poeta, autor de Cartas de Navegação (Libres Escribas, 2009).  Seu blog: http://americalatindo.blogspot.com.br/.

COPLA PARA ALGUÉM QUE VI DE BLUSA AMARELA E PRETA [Carlos Nóbrega]


Abelha [Google Images]




Alvéolos de um olhar meu
querendo um pouco de mel
te fez abelha, 
        Rainha

E eu zangão
e eu zangado,
        pois não quiseste ser minha

Quando agora vou dormir
um grande enxame de ti
invade, que invade o quarto

E eu zangão
e eu zangado,
        não tenho sequer teu retrato

Vieste picar os meus sonhos
na minha insônia zumbir
Trouxeste favos de mal...

E eu de morrer, morri
sem voo nupcial.




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Carlos Nóbrega é natural de Fortaleza-CE. Poeta dotado de imensa sensibilidade e bom humor, além de muita sutileza, é autor de: A sono soltoOutros poemas {Prêmio Osmundo Pontes/Academia Cearense de Letras); Breviário (Prêmio Emílio Moura/Estado de Minas de Cultura; Árvore de ManivelasA grande peleja eletrônica (parceria com Orlando Queiroz); O quanto sou; 8Verbetes (Prêmio Nacional Gerardo de Melo Mourão/Ideal Clube – Menção honrosa); Lápis branco. Faz parte d’OS POETAS DE QUINTA [http://poetasdequinta.blogspot.com.br/].


ESPERA [Carlos Nóbrega]


Cadeira Vazia [Google Images]



Camisas no cabide
do guarda-roupas
à espera do que vem...
   Uma atrás da outra
atrás da outra,
       Umas de listras
        umas de luto -
Fila indiana de ninguém.



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Carlos Nóbrega é natural de Fortaleza-CE. Poeta dotado de imensa sensibilidade e bom humor, além de muita sutileza, é autor de: A sono soltoOutros poemas {Prêmio Osmundo Pontes/Academia Cearense de Letras); Breviário (Prêmio Emílio Moura/Estado de Minas de Cultura; Árvore de ManivelasA grande peleja eletrônica (parceria com Orlando Queiroz); O quanto sou; 8Verbetes (Prêmio Nacional Gerardo de Melo Mourão/Ideal Clube – Menção honrosa); Lápis branco. Faz parte d’OS POETAS DE QUINTA [http://poetasdequinta.blogspot.com.br/].

O BERÇÁRIO [Carlos Nóbrega]


Berço Rosa [Google Images]


Ai as criancinhas
     dormindo de inocência
            nesses bercinhos róseos:

Que coisas terríveis elas irão fazer!



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Carlos Nóbrega é natural de Fortaleza-CE. Poeta dotado de imensa sensibilidade e bom humor, além de muita sutileza, é autor de: A sono solto; Outros poemas {Prêmio Osmundo Pontes/Academia Cearense de Letras); Breviário (Prêmio Emílio Moura/Estado de Minas de Cultura; Árvore de Manivelas; A grande peleja eletrônica (parceria com Orlando Queiroz); O quanto sou; 8Verbetes (Prêmio Nacional Gerardo de Melo Mourão/Ideal Clube – Menção honrosa); Lápis branco. Faz parte d’OS POETAS DE QUINTA [http://poetasdequinta.blogspot.com.br/].

CRUZ-CREDO [Carlos Nóbrega]


Barulho [Google Images]





Esses crentes, esses crentes
cricrilando igual a grilos
cristo cristo cristo cristo
nunca deixam Deus dormir.


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* A Noiva [O Poeta de Meia-Tigela]
* Audifax Rios / A Saga Bubalina de Campanário [O Poeta de Meia-Tigela]
* O Mito de Er [O Poeta de Meia-Tigela]
* Viagem ao Centro do Nome [O Poeta de Meia-Tigela]
* Água fria na fervura [Rouxinol do Rinaré]
* É um pássaro [Iara Maria Carvalho]
* Coração violento [Iara Maria Carvalho]
* Redenção [Iara Maria Carvalho]
* Na casa do bisavô morto [Iara Maria Carvalho]
* SÍNTESE [José Craveirinha]
* DEFINIÇÃO [Antonio Fabiano]





Carlos Nóbrega é natural de Fortaleza-CE. Poeta dotado de imensa sensibilidade e bom humor, além de muita sutileza, é autor de: A sono soltoOutros poemas {Prêmio Osmundo Pontes/Academia Cearense de Letras); Breviário (Prêmio Emílio Moura/Estado de Minas de Cultura; Árvore de ManivelasA grande peleja eletrônica (parceria com Orlando Queiroz); O quanto sou; 8Verbetes (Prêmio Nacional Gerardo de Melo Mourão/Ideal Clube – Menção honrosa); Lápis branco. Faz parte d’OS POETAS DE QUINTA [http://poetasdequinta.blogspot.com.br/].



sexta-feira, 12 de junho de 2015

DEFINIÇÃO [Antonio Fabiano]


Mandacaru da Serra [Google Images]



Sertão é ou poderia ser
Um mar
De prementes
Solidões
Um quase outrora rio
De emparelhados monólogos
Mais um sono de meio-dia
Com zoeira de ouvido e
― psiu!




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Antonio Fabiano da Silva Santos nasceu em 5 de julho de 1979. É natural de Patos-PB, porém cresceu e viveu em Cerro Corá-RN até o ano de seu ingresso na Ordem do Carmelo Descalço (2004), onde passou a chamar-se Frei Fabiano de Santa Maria do Monte Carmelo. Cursou a faculdade de Letras na UFRN e, em seguida, as faculdades de Filosofia e Teologia na PUC de Minas Gerais. É autor de trabalhos nas respectivas áreas e, atualmente, reside em um convento do estado de São Paulo. Apesar de cedo tornar-se conhecido como “poeta” (em 1997 um poema seu, nunca traduzido para o português, foi divulgado em mais de uma emissão radiofônica de Pequim para todo o mundo; no período já era tido e celebrado como poeta, sobretudo nos círculos intelectuais do Seridó), e, embora tenha recebido certo aval de peso da crítica bem antes de publicar versos (basta ler o prefácio de Elizabeth de Sousa Araújo ao seu conto  “O Milagre das Rosas” de 1999, e considerar o que disse Maria Lúcia Dal Farra à imprensa natalense em 2000, quando o chama de poeta exuberante”), só mais de uma década depois publicará livros de poesia, levando-se ainda em conta que destruiu , voluntariamente, toda ou quase toda a sua produção dos primeiros anos, nada pequena, em um episódio que ficou conhecido como “julho em chamas”. A poesia de “Sazonadas” e “Girassóis Noturnos” será publicada em 2012, no Rio de Janeiro. Em 2014 publica-se, pela Sarau das Letras, “O Cancioneiro da Terra”, com textos de Wilson Azevedo e Paulo de Tarso Correia de Melo. Agora, também pela Sarau das Letras tem o prazer de colocar nas mãos do leitor este “Na Ponta dos Pés”, livro que, segundo o poeta Ferreira Gullar, “em linguagem fluente” nos “alça acima da banalidade da vida”; ou, de acordo com Antonio Carlos Secchin, confirma e consolida o talento do poeta, e expressa a leveza de uma escrita que toca “um real ambíguo e enigmático, transfigurado pela potência do verbo poético”. Blog [http://antoniofabiano.blogspot.com.br/].


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