Quando
a velhice aparece:
A
pele fica enrugada,
Junta
por junta amolece.
E
o que devia ser duro
É
o que mais amolece...
Mas
seu Vidal, setentão,
Disso
não se convenceu.
Com
mente sã, jovial,
Lembrando
o que já viveu,
Quando
vê mocinha nova
Esquece
que envelheceu.
Certo
dia Vidal foi
Passear
pela cidade.
E
num ônibus circular,
Sentiu
o peso da idade,
Quando
na porta da frente
Subiu
com dificuldade.
E
dentro do coletivo
Com
muito esforço chegou.
No
suporte da cadeira,
Pra
se apoiar, segurou.
E
num suspiro profundo
Seu
cansaço disfarçou.
Tinha
um ar de marinheiro,
Desses
de muitas viagens.
No
interior do carro,
Seus
olhos, em vadiagens,
Cruzam
com dois bem mais jovens,
Sentindo
instintos selvagens!
Ali,
feito um caçador,
Calmo,
analisando a presa,
Maroto,
sorriu pra moça,
Que,
para sua surpresa,
Retribuiu
o sorriso.
Vidal
pensou: — Que beleza!
O
velho então renasceu.
Dobrou
a respiração,
Ficou
com um brilho nos olhos,
Cheio
de imaginação.
Sentiu
seu sangue ferver,
Bater
forte o coração.
Mas antes que qualquer coisa
Mas antes que qualquer coisa
Ele
pudesse falar,
Gentilmente
a linda moça,
Pensando
entender o olhar,
Pergunta
ao velho assanhado:
—
O “vovozim” quer sentar?
*Baseado no conto O Velho, de Pedro Salgueiro.
*Baseado no conto O Velho, de Pedro Salgueiro.
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Rouxinol
do Rinaré é o nome artístico adotado por Antônio Carlos da Silva, poeta cordelista
nascido em Rinaré, Quixadá, no sertão do Ceará. Duas vezes premiado no Concurso Paulista de Literatura de Cordel, tem
mais de oitenta cordéis publicados e participação
em várias antologias, entre elas, Cordel Canta Patativa e CAOS Portátil – almanaque de contos. É também autor de vários
livros infantil e juvenil, muitos deles adotados em projetos de educação em
diversos estados brasileiros. Rouxinol é estudado no meio acadêmico, onde já
foi citado em mais de 10 trabalhos (entre Teses e Monografias), e na França foi
notícia nas revistas Latitudes, Quadrant
e InfosBrésil. Seu blog: http://rouxinoldorinare.blogspot.com.br/.