terça-feira, 16 de junho de 2015

AUTÓPSIA DO INVISÍVEL [Tânia Du Bois]


Phases of water impact on water - Henningklevjer


É preciso ter imaginação para fazer autópsia das artes e ver o invisível. O invisível pode ser percebido ou receber diferentes significados, com a interferência das autópsias que nutrem os elos da vida, descrevendo em realidade a fantasia, onde a vida imita a arte, como se fosse arte em movimento que é o encontro cultural entre a arte de pensar, ler, escrever e pintar. Com certeza existe mistério entre os artistas e os poetas e as suas obras: eles conseguem uma harmonia brilhante. Nas palavras de Max Martins, “Tu me lês / tu me vês / (talvez)...”.

Autópsia do Invisível são leituras inquietas, que, por vezes vejo na arte de pensar os movimentos que renovam a palavra, o gesto e o espírito. Na vida encontro cenas que formam um jogo de metáforas reveladoras, com letras e sentenças, que anunciam uma história entrelaçando vidas e rasgando o silêncio, como na arte de ler que une pensamento ao coração. Deixa a imagem ir e vir espontaneamente, com o que me entrego de corpo e alma ao livro escolhido e sinto o prazer tomar conta de mim. Concentro-me para manter a expressão de que sonhar é o melhor despertar.

Autópsia do invisível significa uma conquista da palavra em si, o registro do cotidiano dentro do panorama dos sentidos: esse é o motor que me leva a desenhar palavras com plasticidade, criando novos sentidos e revelados na arte de escrever, de fazer literatura que me embala no tempo e me faz sentir sensação de bem estar, porque reproduzir a cultura instalada pela criação das palavras, que nos influenciam e mapeiam nossas vidas.

Autópsia do invisível me leva a corrente com natureza poética ao se revelar com sensibilidade a linguagem e a estática. Assim a arte de pintar me oferece a verdade transfigurada em cores, traços e ideias de múltiplos significados, onde o artista usa sua força criativa para transformar em imagens as nuances que me levam a compreender os fundamentos da sua obra. Miriam Postal, artista plástica, expressa, “A pintura, a Escultura, a Palavra são interligadas. A arte e a vida prática estão interligadas. A arte serve para a pessoa desenvolver sua própria capacidade. O importante é cada um buscar sua imagem”.

Nesse encontro posso ver momentos marcantes como jogo de liberdade, que mantém o equilíbrio entre a percepção e a beleza das cores e das palavras, onde abro ao fluxo iluminador no transmitir meus registros que tocam tanto o coração, quanto a significação dos gêneros, proporcionando-me a reflexão: percebo o sentido da obra, busco sua cumplicidade e alimento a alma.

Autópsia do invisível é o desafio de viver e cuidar das ideias e dos ideais, porque são as artes que em movimento sacodem a mesmice do momento e do cotidiano. E, ainda, torna visível a importância do pensamento em sua trajetória de criação e significados, ao me possibilitar alternar o sentido do instante e de condensar as aspirações ao ob ter ressonância na memória, como demonstra Pedro Du Bois, “Na poesia / desenho // sentimentos em palavras... / o traço exibe todas as curvas / carrega nas cores //... na poesia / rabisco // e o desenho se faz presente / nos olhos de quem vê”.

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Crônica constante do livro Autópsia do invisível (Projeto Passo Fundo)

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Tânia Du Bois, natural de Sarandi, RS, residente em Balneário Camboriú, SC. Pedagoga. Articulista, cronista e resenhista. Colunista literária do Jornal Correio do Município, Itapema, SC e da A Revista SC. Colaboradora do Projeto Passo Fundo.

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